sábado, 14 de outubro de 2017


Resultado de imagem para foto do ano 2002

Há 15 anos atrás, no dia 14 de Outubro de 2002, que a minha vida, que as nossas vidas levaram um valente abanão.
Valente abanão porque alguém, intencionalmente ou não, colidiu frontalmente contra o carro onde seguia o nosso amigo Francisco e tu.
Eu parecia que estava a adivinhar que algo ia acontecer, porque nessa manhã acordei sem voz, literalmente sem conseguir falar, liguei para o trabalho a avisar que não ia trabalhar.
Passadas algumas horas, recebo uma chamada, (de uma pessoa que não conhecia e que me deu a noticia, com uma frieza atroz.
"Estou no Marão e houve um acidente, o condutor morreu, o passageiro está bem"
Fiquei sem reacção e o único pensamento que tive foi.
"Eu vou casar daqui a 20 dias"
Mas como assim o condutor morreu e o passageiro esta bem? A pessoa garantiu-me que sim mas ela não tinha como provar se isso era verdade, afinal o Francisco tinha falecido, a ti podia-te ter acontecido o mesmo.
Liguei logo à minha prima Nana e fomos a voar para o Hospital de Vila Real onde já tinhas dado entrada, com o braço esquerdo partido e a mão direita partida.
Não sei como conseguiste sair, somente com 4 ossos partidos, daquele aparatoso acidente.
Sem falar da enorme perda do teu amigo e colega de trabalho Francisco, que essa não se consegue medir.
Os anos seguintes foram difíceis, ainda são, mas os que se seguiram foram duros, ficaram as cicatrizes, as marcas físicas, as dores que ainda tens, o extremo cuidado que tens de ter porque, corres o risco de partir o braço, porque não fechou.
A revolta pela impunidade da pessoa, que tirou a vida a um ser humano maravilhoso e deixou "incapacitado" outro, e que tem a lata de dizer em tribunal que não sabia o que estava na estrada que era uma coisa branca com luzes, se calhar era um frigorífico? Não? Enfim.
Relembro em forma de homenagem o nosso querido Francisco, escrevendo esta memória, não muito agradável de se contar e escrever, sentindo-me grata pela sua amizade e por tudo o que passamos e continuamos a passar, porque se tivesse tido outro desfecho, hoje não estava casada e não tinha os meus grandes amores, os meus filhos.

Grata
Eli,



sexta-feira, 13 de outubro de 2017

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Mundo Real/ Mundo Virtual

Advinha:
"O que fazem seis pessoas (incluindo eu) numa sala, enquanto esperam que os filhos/netos acabem as suas actividades?
Conseguiste adivinhar?
Estão todos de cabeça cabisbaixa, pescoço corcunda, a mexer freneticamente os dedos nas teclas dos seus telemóveis.
Confesso que eu também estava, mas por um instante olhei ao meu redor e fez.me uma enorme confusão.
Desliguei o telefone, agarrei no caderno de inglês da minha filhota, roubei uma folha e comecei a escrever sobre isso.
Para onde foram as conversas de circunstância, sobre o tempo, sobre coisas banais, embora as vezes fossem conversas de chacha, era preferível.
Para onde foi o olhar olho no olho, o sorriso, embora ocasionalmente tenhamos de esboçar sorrisos amarelos, era preferível.
Para onde foi a convivência com os outros, ouvir e ser ouvido, falar e fazer silêncio, abraçar e ser reconfortado, olhar e ser visto, embora por vezes possa ser constrangedor e desconfortável, difícil de confiar, era preferível.
Para onde foi a simpatia, a empatia e tudo aquilo que rima com "tia", embora por vezes tenhamos de fazer fretes, era preferível.
Para onde foram as pessoas reais, refugiaram-se no mundo virtual, não é para menos a vida real é lixada, cheia de contas para pagar, de problemas, de preocupações, não me admira que precisemos de um escape.
Mas não podemos nos isolar num só mundo, preferível era encontrarmos um meio termo, um equilíbrio, o mundo virtual tem coisas muito boas, mas nunca conseguirá substituir o mundo real.

Grata
Eli.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017


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Viagem ao Passado

Ontem passei por um sitio que me levou direitinha ao passado.
A viagem foi automática, foi instantânea, foi a uma velocidade super, mega, sónica.
Fez com que eu conseguisse reviver, rever, re-sentir, relembrar, recordar todos os acontecimentos, todos os momentos, todas as lembranças, todas as memórias, todas as pessoas que conheci, que comigo viveram e partilharam esses momentos.
Depois de me recompor do primeiro impacto da viagem, sorri.
Sorri, porque tudo aquilo que vivi, vi, senti, naquele sitio, espaço, época juntamente com as pessoas que conheci e criei laços foram sem a minina dúvida, uma das alturas, mais felizes da minha vida.
Ficaram na memória risos, brincadeiras, tontices, choros de despedida, filmes, músicas, mas o que mais me marcou foram as pessoas.
Pessoas da família com quem criei laços ainda mais fortes e que serão para sempre e os Amigos que fiz.
As despedidas eram difíceis, mas todos os Verões eu regressava sempre super entusiasmada por estar de volta.
Mas de cada vez que faço esta viagem ela termina sempre de forma atribulada, porque faz questão de me recordar a perda de um grande amigo, do arrependimento de que poderia ter feito mais por ele, de que devia ter dito mais, ter insistido mais, (apesar de ele não permitir) não o fiz e fica sempre a expressão "e SE".
Grata a ele por tudo de bom que vivi e revi.

Esta música é para ti 😊















quarta-feira, 20 de setembro de 2017



















Tem de largar

Quando estamos a atravessar um processo de perda de alguém seja um amor, uma amizade, ou porque essa pessoa já não faz parte do mundo terreno, e te dizem que temos de aceitar a perda, que temos de largar.
Aceitas e largas se conseguires, se tiveres preparada para tal.
Não é assim tão simples.
Para se conseguir largar, deixar ir leva o seu tempo e cada pessoa reage de forma diferente.
Temos de dar tempo ao tempo.
Não podemos apressar o processo, achar que a pessoa está a ser dramática, exagerada, que não tem motivos para se sentir infeliz, que lhe falta algo, que não tem razões para andar a chorar a toda a hora.
Tudo isto faz parte do processo, se tens de chorar chora, se tens de te agarrar a um objecto para sentires que por um instante a pessoa está novamente junto a ti, fá.lo.
Mas fá-lo somente por um período de tempo, não pode ser o resto da tua vida.
A perda nunca vais ultrapassar, mas quando estiveres preparada (o) para largar, podes largar, não faz mal, isso não é sinonimo de esquecimento, é sinonimo de que tu continuas a viver.

Grata
Eli,





terça-feira, 20 de junho de 2017





SEM PALAVRAS

Estou com um nó na garganta, porque esta tragédia ainda está longe de acabar, ainda nem sequer chegamos aos meses, por norma, mais quentes do Verão.
Estou a pensar que todos os anos, ano após ano, voltam os incêndios, continua a se ouvir que os bombeiros não têm meios, os especialistas, os entendidos, os políticos, os comentadores fazem analises, tiram conclusões, apontam o dedo ao "colega do lado", tentam encontrar um "bode expiatório" para culpar, uns dizem que nada está a ser feito, outros dizem que está tudo controlado, discutem, insultam-se, ficamos todos revoltados mas passa o verão toda a gente se esquece, do que foi dito, feito ou supostamente deveria ter sido feito.
E contra mim falo,
Mas mais uma vez é diferente, é difícil ESQUECER OS ROSTOS que sucumbiram nesta tragédia, são 64 rostos,(até ao momento) cada um com uma história de vida, que para eles a vida acabou,
Eu acho de louvar e apoio incondicionalmente toda a solidariedade que todos nós, (conforme a suas possibilidades) contribuiu para ajudar, mas temos de bater com o pulso na mesa e dizer basta,
BASTA de floresta ardida, BASTA de casas ardidas, BASTA de VIDAS PERDIDAS
Basta temos de nos unir e de igual modo EXIGIR às entidades competentes, respostas, medidas, que seja feito algo concreto, urgente para que no futuro, não tenhamos de viver (directamente ou indirectamente) esta angustia novamente.
Eu já em Outubro próximo vou fazer uma pequena parte, estou farta.
QUANTAS MAIS VIDAS TEMOS DE PERDER?

Envio muita LUZ para todos

Grata
Eli.

terça-feira, 18 de abril de 2017




Carta de Aniversário

Sabes Pai
Ainda me é estranho olhar para as tuas fotografias e pensar que já não estás cá.
Ainda me quero convencer que ainda estás cá.
Tento imaginar que voltaste para França, onde estavas a maior parte do tempo e só voltavas nas férias do verão e no Natal.
Mas de cada vez que os meus olhos se deparam com uma foto tua, tenho um pequeno choque, uma chamada à realidade, de que já não estás cá.
Mas logo de seguida e para abafar a dor e não pensar muito nisso, a minha mente tenta me iludir pensado que estás fora por uns tempos mas um dia voltas.
Mesmo indo ao local onde o teu corpo foi colocado é me difícil pensar que és tu que está ali, olho e a minha mente prega-me um partida, metade quer me convencer que sim e a outra metade quer me convencer que não.
Talvez me seja difícil aceitar porque ainda parece que te ouço a chamar pela mãe "Oh Quinhas!!!!"
Talvez seja me seja difícil porque ainda te vejo sentado junto ao forno, onde passavas algum tempo em redor da tua papelada.
Talvez me seja difícil porque ainda te vejo deitado na cama a pedir para te tapar porque estavas com frio.
Talvez me seja difícil porque ainda sinto a tua presença.
Mas
Hoje é o teu aniversário, apesar de não gostares de o festejar, hoje festejo-o desta forma, escrevendo esta carta.
Pai grata por tudo e onde quer que estejas.
Feliz Aniversário
❤❤



domingo, 18 de dezembro de 2016




"Não posso falhar"

Mais uma afirmação que me deixou a pensar e que sobre ela escrevo.
Eu, tu, ela, todos nos já tivemos medo de falhar ou até já falhamos um dia.
Medo de falhar tem a ver com responsabilidade, o sentido de responsabilidade que eu, tu, ela sentimos porque temos compromissos que temos de honrar, quer seja com o trabalho, quer com a família ou seja aquilo que, certo dia te proposeste a fazer.
Medo de falhar tem a ver com perfeccionismo. Tudo tem de ficar bem feito, tudo tem de ser feito, se tens o compromisso agora tens de cumprir, custe o que custar.
Medo de falhar tem a ver com pressão, o cumprir tudo a tempo e horas, vai te levar a um estado constante de pressão, de um peso nos ombros, de um cansaço extremo.
Medo de falhar tem a ver com provar a ti mesma (o) e aos outros que consegues que és capaz.
Medo de falhar tem a ver com orgulho, não saber, querer ou conseguir pedir ajuda quando sentes que estás a chegar ao teu limite, que já chega, já não aguentas mais, mas mesmo assim não podes falhar.
Medo de falhar tem a ver com desapontamento, de te desapontares, porque odeias falhar, e desapontares os outros porque poderás ou terás de ouvir "eu bem te disse" ou "estás a ver eu tinha razão".
Medo de falhar tem a ver com aceitação, aceitar que não és um super heroi, com poderes mágicos que és um ser mortal com defeitos e virtudes.
Medo de falhar tem a ver com reconhecimento, reconheceres que não tem mal algum falhar porque isso é sinónino de entrega, de dedicação, de trabalho, de esforço, de interesse, de humildade, mas acima de tudo é sinal que todos já falhamos, é duro sim, é difícil é, mas isso faz parte do nosso crescimento
Por isso não tenhas medo de falhar.

Grata
Elisabete